A atualidade
do Marxismo
Libertário
Cleito Pereira
dos Santos*
Nos dias 03, 04 e 05 de setembro de 2014, estará sendo realizado
em Goiânia, na Faculdade de Ciências Sociais da UFG, o III Simpósio Nacional Marxismo Libertário, promovido pelo Núcleo de Pesquisa Marxista
(UEG), Grupo de Pesquisa Dialética e Sociedade (UFG), Núcleo de Estudos
e Pesquisa América Latina em Movimento (UFMS), Núcleo de Pesquisa e
Ação Cultural. Essa terceira edição do evento significa sua consolidação
e da pesquisa marxista libertária nas universidades brasileiras. Nas universidades brasileiras, o marxismo sempre existiu, sob diversas formas,
tendo algum tempo atrás um maior peso e importância na cultura brasileira e nos meios acadêmicos. A mutação do capitalismo a partir dos
anos 1980 (neoliberalismo, reestruturação produtiva, etc.) promoveu um
recuo temporário do marxismo, que ressurge com força nos anos 2000, principalmente
em suas tendências antes marginais (comunismo de conselhos, situacionismo, autonomismo). No caso brasileiro, isso ocorreu de
forma um pouco mais lenta, mas dá um salto
no final dos anos 2000, principalmente após
a crise financeira de 2008, gerando um crescimento do interesse, debate, leitura, influência a nível mundial e nacional.
O evento reunirá distintas gerações de
intelectuais e militantes ligados ao que pode
ser chamado marxismo libertário (um termo amplo que apenas distingue do chamado “marxismo oficial”), tal como a geração
mais antiga representada por Dóris Accioly, da Universidade de São Paulo e Cláudio
Nascimento, autor de diversos livros, por
um lado, e a nova geração expressa por Léo
Vinicius, doutor pela Universidade de Santa
Catarina, Lucas Maia e Edmilson Marques,
ambos doutores pela Universidade Federal
de Goiás, em Geografia e História, respectivamente, além de Nildo Viana, doutor em
Sociologia pela Universidade de Brasília,
intermediário entre as duas gerações, além
de diversos outros envolvidos no evento em
minicursos, Grupos de Trabalho, etc.
“As
manifestações
ocorridas
em 2013, o
crescimento das
lutas estudantis
e populares, a
sua retomada
mais tímida
esse ano e
a repressão,
colocam
num nível
de extrema
importância
o III Simpósio
Nacional
Marxismo
Libertário. Ao
mesmo tempo
em que há uma
ascensão das
lutas sociais,
a teoria e
a reflexão
avançaram
de forma
limitada”.
Assim, o evento assume grande importância ao recolocar em debate questões fundamentais das ciências humanas e do marxismo libertário, discutindo, por exemplo, o
pensamento daquele que das gerações mais
antigas é o grande nome do marxismo libertário no Brasil, Maurício Tragtenberg. Além
disso, os debates sobre algumas revoluções
proletárias inabacadas (Alemã, Espanhola
e Polonesa), as manifestações no Brasil em 2013, a crítica de Marx ao
Estado, a questão das classes sociais. O evento se torna necessário por
permitir a retomada de questões importantes antigas e novas, bem como
reunir e articular intelectuais, professores, pesquisadores, estudantes,
militantes e outros para repensar a sociedade contemporânea. Cabe destaque também o seu papel na renovação intelectual e política da qual faz
parte e ao mesmo tempo reforça.
As manifestações ocorridas em 2013, o crescimento das lutas estudantis e populares, a sua retomada mais tímida esse ano e a repressão,
colocam num nível de extrema importância e atualidade este evento, e a
demanda pelo mesmo, com a confirmação de vinda de ônibus de diversos
estados e universidades, confirma isso. Ao mesmo tempo em que há uma
ascensão das lutas sociais, a teoria e a reflexão avançaram de forma limitada e tal evento incentiva a ampliação do debate sobre o Brasil e o mundo.
Nesse sentido, todos estão convidados para participar e ajudar a construir
um novo momento de reflexão diante de uma nova realidade social, que
tende a promover transformação e mudança.
*Professor da Faculdade de Ciências Sociais (FCS).